segunda-feira, 2 de abril de 2007

Curiosidades XVI (Santo Sudário - Parte I)

O Santo Sudário (ou Sudário de Turim) é um pano de linho antigo, que apresenta a imagem de um homem que parece ter sofrido traumatismos vários, consistentes com um acto de crucificação. O tecido tem cerca de 4,4 metros de comprimento e 1,1 metros de largura e apresenta duas imagens (uma frontal e uma na parte de trás). Muitas pessoas acreditam que o sudário foi o tecido que cobriu Jesus Cristo na sua tumba e que a sua imagem terá ficado “impressa” no tecido. Hoje em dia, existe um intenso debate entre cientistas, historiadores e a comunidade cristã sobre a autenticidade do sudário.

A menção mais antiga do sudário é do século VI e refere-se à chamada Imagem de Edessa. Segundo relatos desse período, a Imagem de Edessa era um tecido onde a imagem de Jesus tinha sido “impressa”, sendo considerada uma relíquia sagrada. No ano de 944, a imagem foi transportada de Edessa (que se situa no que é hoje o sul da Turquia) para Constantinopla (a actual Istambul, também na Turquia). Recentes descobertas nos arquivos do Vaticano revelaram um texto antigo onde era dito que nesse tecido estava uma imagem de todo o corpo de Jesus e não apenas da sua face, o que permite estabelecer uma ligação entre a Imagem de Edessa e o Santo Sudário.

No ano de 1203, um cruzado chamado Robert de Clari afirmou ter visto o tecido em Constantinopla, tendo feito uma descrição pormenorizada da imagem de Cristo. Em 1205, uma carta enviada por Theodore Angelos dizia que após a 4º Cruzada (em que foram depostos vários imperadores bizantinos, um dos quais era tio de Angelos), os franceses tinham ficado com as relíquias religiosas, em especial com um tecido de linho que cobrira o corpo de Jesus após a sua morte e antes da sua ressurreição.

No ano de 1357, a viúva do cavaleiro francês Geoffroi de Charny colocou o tecido que é hoje conhecido como Santo Sudário numa igreja em Lirey, França. Nos anos seguintes, o tecido foi frequentemente exposto ao público. Em 1389, a imagem foi denunciada ao Papa como uma fraude. Nessa denúncia, o bispo Pierre D'Arcis dizia que não existia menção à imagem nas escrituras e que se tratava da obra de um artista local, cujo nome não foi revelado na carta. O artista tinha confessado ter pintado o tecido com o objectivo de ganhar dinheiro à custa dos peregrinos. Se o testemunho desse artista for verdadeiro, isso explicaria o facto dos testes com carbono 14 terem datado o tecido como sendo do período entre 1260 e 1390.

Nos 60 anos seguintes, o tecido foi transportado para vários locais em França até chegar às mãos do Duque Luís de Sabóia, em 1453. A nova aquisição do duque tornou-se na atracção principal da recém construída catedral de Chambery. Após a morte do Duque, o sudário mudou de local várias vezes. Em 1532, o tecido foi danificado por um incêndio na catedral onde se encontrava (incêndio esse que poderá ter contribuído para tornar inválido o teste do carbono 14). O tecido foi novamente transferido para Turim (1578), tendo sido propriedade da casa de Sabóia até 1983, altura em que foi dado à Igreja Católica.

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