O que começou como um mero assalto acabou por se transformar no maior escândalo político da história dos Estados Unidos. A investigação levada a cabo pelos jornalistas do Washington Post (Carl Bernstein e Bob Woodward) chamou a atenção sobre o assunto, levando à descoberta de que os 5 homens eram na realidade mercenários pagos pela comissão para a reeleição do presidente Richard Nixon. Os assaltos serviram para fotografar documentos e para a colocação de escutas na sede do partido Democrata (as escutas foram colocadas com o objectivo de se descobrir a fonte de fugas de informação e, por essa razão, os membros da equipa eram conhecidos por “canalizadores”).
Á medida que a sua investigação prosseguia, Woodward e Bernstein começaram a obter provas de que o próprio presidente estava envolvido, tendo muitas dessas provas sido fornecidas por um informador cujo nome de código era “Garganta Funda”. O assunto começou a chamar a atenção do povo americano e mais tarde (1973) foi criado um comité no Senado com o objectivo de investigar o escândalo. Uma a uma, as pessoas que trabalhavam com Nixon na Casa Branca foram chamadas a depor.
Sentindo-se entre “a espada e a parede”, Nixon começou a despedir assessores e a tentar manter o seu nome fora do escândalo, mas era tarde demais. As audiências do comité duraram quase 4 meses, causando bastantes danos à reputação de Nixon e levando à descoberta surpreendente da existência de um sistema de gravação na sala oval da Casa Branca. As gravações foram rapidamente adquiridas pelo comité, apesar dos esforços de Nixon, que tentou despedir várias pessoas envolvidas na investigação.
A opinião pública exigiu a demissão do presidente. Nixon respondeu com a famosa frase "I am not a crook" (“Eu não sou um patife”), insistindo na sua inocência. Contra a sua vontade, o presidente foi forçado a entregar as gravações, que confirmavam o depoimento de várias testemunhas, de que Nixon sabia de tudo e que tinha aprovado o assalto à sede democrata. A situação piorou ainda mais para Nixon quando foi revelado que faltavam partes da gravação, que supostamente teriam sido apagadas por acidente pela secretária de Nixon (mais tarde, conclui-se que isso também não era verdade).
Nixon perdeu o pouco apoio que tinha e renunciou ao cargo no dia 9 de Agosto de 1974, para evitar ser destituído pelo Congresso. Foi sucedido nesse dia pelo vice-presidente Gerald Ford (que faleceu recentemente). Um mês depois da renúncia, Ford perdoou Nixon, concedendo-lhe imunidade em todos os crimes que cometera enquanto presidente dos Estados Unidos, o que revoltou o povo americano.
O escândalo Watergate teve várias consequências:
- A demissão de Nixon e a destruição da sua reputação (tendo muitos dos seus assessores cumprido penas de prisão);
- Reforçou o poder dos “media” um pouco por todo o mundo, tornando-os mais agressivos na cobertura de acontecimentos relacionados com políticos. Nos anos que se seguiram, uma nova geração de jornalistas (inspirados por Woodward e Bernstein) dedicou-se ao jornalismo de investigação e ajudou a expor outros escândalos, que tiveram como consequência uma progressiva redução da confiança do povo nas pessoas que eram eleitas para os representar;
- Ajudou à aprovação do Freedom of Information Act (1986);
- Levou à aprovação de leis que alteravam a maneira como se efectuava o financiamento das campanhas políticas;
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